Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 240-2 | ||||
Resumo: Escherichia coli é uma bactéria encontrada normalmente no trato intestinal de humanos e animais. No entanto, algumas cepas podem ser patogênicas, causando infecções diarreiogênicas ou extra-intestinais. Existem vários patótipos de E. coli diarreiogênicas (DEC), que incluem enterotoxigênica (ETEC), enteropatogênica (EPEC), enteroinvasiva (EIEC), enteroagregativa (EAEC) e produtora de toxina shiga (STEC). Já entre as E. coli extra-intestinais (ExPEC), a uropatogênica (UPEC) é considerada a mais frequente. Esses patótipos possuem marcadores de virulência específicos e algumas cepas de E. coli podem ser híbridas, possuindo os marcadores de diferentes patótipos, o que pode influenciar a sua patogenicidade e virulência. O objetivo deste trabalho foi investigar a presença de marcadores de virulência de DEC e ExPEC para identificação de cepas híbridas de E.coli. Adicionalmente, este estudo realizou uma análise epidemiológica molecular e caracterizou fenotipicamente e genotipicamente 15 isolados de E. coli recuperados de infecções extra-intestinais em um hospital localizado em Boa Vista, Roraima, Brasil. A caracterização fenotípica foi realizada através do teste de susceptibilidade a antimicrobianos pelo método de disco de difusão e microdiluição e o resultado foi analisado baseando-se nos critérios de categorização de resistência de Enterobacteriaceae e interpretado de acordo com o EUCAST e CLSI. A relação genética foi definida através da abordagem de MLST (Multilocus Sequence Typing) utilizando o esquema de Achtman para E. coli e os filogrupos foram definidos através do Enterobase. A presença de genes de resistência e fatores de virulência DEC (eae, bfpB, estH, estP, stxI, stxII , aggr, invE, elt), UPEC (vat, fuyA, chua, ylcV) e ExPEC (iutA, KPSMTII, sfaDE, papC, afaBC, iucD) foram detectados por PCR e sequenciamento. A análise fenotípica dos isolados revelou que todos foram classificados como multirresistentes a drogas (MDR). Além disso, foi possível identificar a presença do gene blaTEM e identificar mutações nos genes gyrA e parC, corroborando o fenótipo observado. Entre os isolados de ExPEC analisados, 12/15 apresentaram pelo menos um marcador DEC, sendo considerados cepas híbridas. Em todos esses isolados, o gene aggR foi o marcador encontrado, o que define o patótipo EAEC. Dessa forma, as amostras foram classificadas como UPEC/EAEC ou ExPEC/EAEC híbridas. Entre os isolados, foi possível identificar 11 perfis alélicos diferentes: ST69, ST8886, ST131, ST1196, ST9403, ST3180, ST12394 e 4 novos STs, dois pertencentes ao CC155, um ao CC14 e um ao CC131. Além disso, foi possível observar que 9/15 dos isolados pertenciam ao filogrupo B2, 2/15 ao B1, 2/15 ao A, 1/15 ao D e 1/15 ao grupo filogenético AxB1. A maioria dos isolados pertencem ao filogrupo B2, amplamente reconhecido na literatura como o principal filogrupo associado a ExPEC. Por fim, vale ressaltar que na literatura, todos os estudos que relataram casos de infecção por E. coli na Amazônia brasileira foram isolados de casos de infecções diarreiogênicas tanto em humanos quanto em animais. Dessa forma, este trabalho contribui para uma melhor compreensão da ocorrência e do potencial patogênico das cepas híbridas de E. coli na Região da Amazônia Brasileira, visto que há uma lacuna a respeito de informações sobre infecções extra-intestinais causadas por E. coli nesta região. Palavras-chave: Cepas híbridas, Epidemiologia molecular, ExPEC, Infecção hospitalar Agência de fomento:Instituto Oswaldo Cruz, CNPq e CAPES |